Laparostomia exploratória: O que é, riscos e por que Bolsonaro fez a cirurgia - Entenda o procedimento

A laparostomia exploratória é um procedimento cirúrgico de alta complexidade, no qual o abdômen é aberto para permitir a visualização direta dos órgãos internos. Esse método é frequentemente utilizado quando exames de imagem não conseguem identificar claramente a origem de um problema, como no caso do ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi submetido à cirurgia devido a uma obstrução intestinal. Embora técnicas menos invasivas, como a vídeo-laparoscopia, sejam mais comuns hoje, situações específicas exigem a abordagem tradicional.
O que é uma laparostomia exploratória?
A laparostomia exploratória é uma cirurgia aberta que permite ao cirurgião examinar diretamente os órgãos abdominais para diagnosticar e tratar condições não detectadas por outros métodos. O termo "exploratória" destaca sua função investigativa, como no caso de Bolsonaro, em que a equipe médica precisava localizar e corrigir uma obstrução intestinal causada por aderências resultantes de um atentado em 2018.
Indicações para a laparostomia exploratória
De acordo com o Medscape, plataforma de referência médica, a laparotomia exploratória é indicada em situações como:
- Dor abdominal aguda com suspeita de patologia intra-abdominal exigindo intervenção imediata.
- Trauma abdominal com hemorragia interna e instabilidade hemodinâmica.
- Dor crônica sem diagnóstico definitivo.
- Estadiamento de câncer, como em tumores ovarianos ou doença de Hodgkin.
- Sangramento gastrointestinal de origem obscura.
- Doenças raras que exigem avaliação direta.
Por que a laparostomia foi escolhida para Jair Bolsonaro?
Especialistas consultados pela CNN, como o gastroenterologista Alexandre Carlos (HC-FMUSP), explicaram que a decisão se deveu à complexidade do caso. A técnica aberta oferece maior acesso à cavidade abdominal e reduz o tempo cirúrgico. Já o médico Leonardo Peixoto destacou que a vídeo-laparoscopia poderia ser arriscada devido às aderências intestinais de Bolsonaro, aumentando a chance de lesões durante a inserção do laparoscópio.
Etapas do procedimento
Conforme o artigo científico de Maria de Fátima Tazima e colaboradores, a laparostomia segue estas fases:
- Laparotomia: abertura cirúrgica do abdômen.
- Exploração da cavidade: identificação da patologia e eventuais problemas adicionais.
- Correção cirúrgica: tratamento do problema diagnosticado.
- Inventário abdominal: verificação de corpos estranhos (como gazes ou instrumentos esquecidos).
- Fechamento: sutura da incisão.
Recuperação e riscos
A recuperação é mais lenta que em procedimentos minimamente invasivos:
1.
A cicatrização leva seis semanas, e a cicatriz pode permanecer visível, embora desbote com o tempo.
2.
O retorno às atividades físicas leva meses, e a força abdominal pode demorar até dois anos para se restabelecer totalmente.
Riscos associados (segundo a Cleveland Clinic):
- Lesão acidental a órgãos vizinhos.
- Hemorragia por danos vasculares.
- Infecções ou cicatrização lenta.
- Dormência permanente devido a danos nervosos.
- Hérnias incisionais.
- Formação de aderências, que podem causar novas obstruções intestinais.
A laparostomia exploratória é um procedimento crucial em casos complexos, como o de Jair Bolsonaro, onde métodos menos invasivos não são viáveis. Embora apresente riscos e exija uma recuperação prolongada, sua capacidade de diagnóstico e tratamento direto a torna indispensável em situações específicas. O caso reforça a importância da avaliação médica individualizada, considerando fatores como histórico do paciente e gravidade da condição.