Tensão China-EUA : Pequim desafia tarifas Trump e minimiza isenção de iPhones - O que vem depois?

A tensão entre as duas maiores economias do mundo voltou a escalar depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aumentou drasticamente as tarifas sobre produtos chineses para 145%. Mesmo com uma suspensão temporária de 90 dias em parte das tarifas globais, a medida não foi bem recebida pela China. O governo chinês exige a reversão completa do tarifaço, classificando a exceção dada a alguns produtos como um "pequeno passo"
insuficiente.
Reações da China e posicionamento oficial
O Ministério do Comércio da China emitiu um comunicado no domingo, 13 de abril de 2025, pressionando os EUA a abandonar a política de "tarifas recíprocas" e retomar o que chamou de "caminho do respeito mútuo"
. Em resposta às tarifas norte-americanas, a China também anunciou novas tarifas retaliatórias, que chegaram a 125% sobre produtos dos EUA, em vigor desde o último sábado.
Importância do gesto dos EUA e suas limitações
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Apesar do endurecimento, Trump anunciou isenções para alguns produtos tecnológicos como smartphones, semicondutores, computadores, cartões de memória e células solares, o que trouxe algum alívio para o mercado, especialmente para empresas como Apple, que têm produção concentrada na China.
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Cerca de 80% dos iPhones vendidos nos EUA são fabricados na China, segundo a consultoria Counterpoint, e uma tarifa de 125% sobre esses produtos impactaria diretamente os preços ao consumidor. Ao isentar o código tarifário referente aos smartphones (
"8517.13.00.00"
), os EUA evitaram um choque imediato no varejo, embora o secretário de Comércio, Howard Lutnick, tenha deixado claro que essas exceções podem ser temporárias.
O peso estratégico das isenções
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Especialistas apontam que esse recuo silencioso é um sinal de enfraquecimento da postura intransigente de Trump. O editor de Economia da BBC, Faisal Islam, classificou o gesto como
"um recuo significativo"
, revelando uma possível tentativa dos EUA de mitigar o impacto doméstico de sua própria política comercial. -
A consultoria Capital Economics indicou que agora, quase 25% das exportações chinesas aos EUA estão livres da tarifa de 125%, o que torna a chamada "tarifa universal de 10%" cada vez mais cheia de exceções. Esse movimento mostra que, apesar da retórica agressiva, o governo americano busca brechas para aliviar tensões com parceiros estratégicos.
Repercussões globais e ausência de diálogo direto
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Apesar da escalada, não há previsão de uma conversa direta entre Donald Trump e o presidente chinês Xi Jinping. O representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, afirmou que não há planos de reunião entre os dois líderes no curto prazo.
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Essa ausência de diálogo aprofunda a incerteza nos mercados internacionais. As intervenções unilaterais dos EUA já provocaram fortes oscilações nas bolsas de valores, desvalorização do dólar em relação a moedas de países ricos e o aumento do receio de que o comércio global sofra retrações significativas.
Justificativas e críticas à política de Trump
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Trump sustenta que suas tarifas visam corrigir distorções no comércio internacional e estimular a volta de empregos e fábricas ao território norte-americano. A Casa Branca diz que as tarifas são parte de uma estratégia de negociação mais ampla para obter melhores termos comerciais com a China e outros países.
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Entretanto, críticos alegam que a abordagem tem gerado efeitos colaterais significativos, como aumento de preços para consumidores, instabilidade no mercado global e o risco de uma desaceleração econômica generalizada.
A exigência da China para que os EUA cancelem totalmente as tarifas marca mais um capítulo de uma guerra comercial que parece longe do fim. O gesto de Trump, ao isentar temporariamente itens tecnológicos, revela tanto uma tentativa de proteção interna quanto uma hesitação estratégica diante da força da economia chinesa. A falta de diálogo direto entre os líderes e as constantes mudanças tarifárias ampliam a insegurança econômica, mostrando que o embate vai além das tarifas: ele envolve disputas de poder, influência global e redefinição das cadeias produtivas. Enquanto não houver uma solução negociada, consumidores, empresas e economias ao redor do mundo continuarão reféns de uma disputa com consequências imprevisíveis.