Tarifas EUA-China: O que a guerra comercial significa para o comércio global e seu bolso?

Uma nova escalada na guerra comercial entre Estados Unidos e China está em curso. A partir de abril de 2025, o então presidente Donald Trump aumentou as tarifas sobre produtos chineses de 34% para 104%, depois para 125% e agora para 145%, em resposta a tarifas semelhantes impostas pela China. O país asiático, por sua vez, elevou sua tarifa para 84%, com o compromisso declarado de “lutar até o fim” contra o que chamou de coerção econômica americana. Essa disputa não é nova, mas atingiu um novo pico, com efeitos globais.
O impacto direto sobre a economia global
Estados Unidos e China representam cerca de 43% da economia mundial, segundo o Fundo Monetário Internacional. Quando duas economias desse porte entram em conflito, há uma desaceleração no comércio internacional, o que impacta desde investimentos até a produção industrial de diversos países. Isso pode significar menos crescimento, perda de empregos e encarecimento de produtos.
O volume do comércio entre Estados Unidos e China
Em 2024, os dois países movimentaram cerca de 585 bilhões de dólares
em comércio. Os Estados Unidos importaram 440 bilhões de dólares
da China e exportaram apenas 145 bilhões de dólares
para o país asiático, resultando em um déficit comercial de 295 bilhões de dólares
. Esse desequilíbrio foi um dos argumentos usados por Donald Trump para justificar o aumento das tarifas para 145%.
Os setores mais afetados
Produtos chineses como eletrônicos, brinquedos, baterias e principalmente smartphones foram os mais atingidos pelas novas tarifas. A Apple, por exemplo, sofreu uma queda acentuada em seu valor de mercado, já que muitos de seus produtos são fabricados na China. Por outro lado, a China importa principalmente soja, petróleo e medicamentos dos Estados Unidos, que também ficarão mais caros para os chineses por conta das tarifas retaliatórias.
Como as empresas tentam driblar as tarifas
Empresas chinesas redirecionaram exportações por meio de países do Sudeste Asiático, como Malásia, Camboja, Vietnã e Tailândia, para evitar tarifas diretas. Isso fez com que os Estados Unidos passassem a considerar novas tarifas contra esses países também, o que pode gerar ainda mais tensão comercial em escala global.
Riscos para o setor tecnológico e estratégico
Além das tarifas, Estados Unidos e China estão em disputa tecnológica. A China domina o refino de metais estratégicos, como terras raras, germânio e gálio, essenciais para a indústria militar e eletrônica. Já os Estados Unidos tentam limitar o acesso chinês a microchips avançados, fundamentais para inteligência artificial. Essa guerra de bastidores pode comprometer cadeias produtivas de alta tecnologia.
Risco de “dumping” e desestabilização de mercados
Com a dificuldade de exportar para os Estados Unidos, a China pode redirecionar sua produção excedente para outros países, vendendo produtos com preços artificialmente baixos, graças a subsídios internos. Isso pode prejudicar produtores locais, gerar desemprego e provocar crises em setores estratégicos como o aço. Países como Reino Unido já demonstraram preocupação com essa possibilidade.
Uma disputa com consequências mundiais
A guerra comercial entre Estados Unidos e China vai muito além de tarifas. Ela envolve estratégia, tecnologia, produção industrial e relações geopolíticas. Com tarifas americanas agora totalizando 145%, os efeitos colaterais serão sentidos no mundo inteiro, com impactos diretos no bolso do consumidor, na estabilidade dos mercados e nas cadeias de produção globais. Economistas alertam que, se não houver acordo, o resultado pode ser um abalo prolongado no crescimento mundial, afetando inclusive países que não participam diretamente do conflito.