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quarta-feira, 15 de janeiro de 2025 às 10:20 GMT+0

Violência urbana e armas legais: Como criminosos estão burlando o sistema no Brasil

A compra de armas no Brasil está no centro de um debate acalorado. Muitas vezes, argumenta-se que criminosos não usam lojas para adquirir armamentos. Mas será que essa afirmação é verdadeira? Vamos explorar esse tema de maneira clara e didática, abordando as mudanças legais, seus efeitos no mercado e as contradições envolvidas.

O que mudou com a flexibilização do acesso a armas?

Alterações promovidas pelo governo Bolsonaro (2019-2022):

  • Mais armas disponíveis: A quantidade de armas que caçadores, atiradores esportivos e colecionadores (CACs) podem adquirir aumentou significativamente.
  • Atiradores esportivos: de 16 para 60 armas.
  • Colecionadores: de 1 para 5 armas por modelo, incluindo modelos de uso restrito.
  • Impostos reduzidos ou zerados: Benefícios fiscais facilitaram o acesso e a exportação de armas para países da América Latina.
  • Validade de registros ampliada: Passou de 5 para 10 anos.
  • Resultado: O número de lojas especializadas cresceu, e o mercado legal se tornou mais acessível. Porém, isso abriu brechas para fraudes e desvios.

Criminosos estão comprando armas legalmente?

Evidências preocupantes:

  • Fraudes documentadas: Criminosos condenados, inclusive ligados ao crime organizado, adquiriram armas em lojas por meio de intermediários (laranjas).
  • Desvios facilitados: Casos de furtos encenados indicam que armas podem ser deliberadamente repassadas à criminalidade.
  • Mercado legal abastecendo o ilegal: Pesquisas mostram que um mercado legal desregulado frequentemente alimenta o mercado ilegal, devido à falta de fiscalização rigorosa.

O impacto no tráfico internacional de armas

  • Queda nas apreensões de armas traficadas: Dados da Polícia Federal indicam uma redução de 42,2% no tráfico internacional de armas entre 2019 e 2022.
  • Paraná e Mato Grosso do Sul, fronteiras com o Paraguai, lideraram essa queda.
  • Pandemia de COVID-19 contribuiu, com fechamento de fronteiras e menor circulação de veículos.
  • Mudanças no perfil das apreensões: Cresceu o registro de "outras tipificações" relacionadas a armas, sem explicação detalhada pela Polícia Federal.

Contradições do discurso pró-armas

A frase "bandidos não compram armas em lojas" não se sustenta:

  • Criminosos encontram formas de burlar o sistema.
  • O aumento no número de armas disponíveis aumenta as possibilidades de roubos e fraudes.

Mais armas nem sempre significam mais segurança:

  • Estudos internacionais confirmam que mercados com maior disponibilidade de armas têm mais desvios para o mercado ilegal.

Por que isso é relevante para todos nós?

  • Segurança pública em jogo: Armas adquiridas legalmente podem parar nas mãos erradas, aumentando a violência urbana.
  • Desafios regulatórios: O enfraquecimento do controle sobre armas dificulta a criação de políticas eficazes para combater o crime organizado.
  • Impacto político e fiscal: A discussão sobre taxar armas como produtos nocivos reacende o debate sobre a necessidade de regulamentação mais rígida.

"O discurso armamentista afirma que armar a população traz mais segurança, mas a questão crucial é: em um confronto, quem realmente tem o controle da situação? Quando um criminoso, habituado à violência, se depara com uma pessoa comum que nunca disparou uma arma para ferir, quem terá a vantagem? Aquele que hesita ou aquele que já está preparado para agir sem hesitação?"

A flexibilização do acesso a armas trouxe benefícios para algumas categorias, mas também gerou vulnerabilidades sérias no sistema de controle. Embora o tráfico internacional tenha diminuído, fraudes no mercado interno cresceram, revelando a fragilidade da fiscalização. Esses dados mostram que o controle de armas precisa ser tratado com mais cuidado, considerando não apenas as implicações para a segurança pública, mas também os impactos na sociedade como um todo.

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