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quinta-feira, 13 de março de 2025 às 11:50 GMT+0

STF decide: Qual a idade certa para decidir não ter filhos? Redução da idade para laqueadura e vasectomia no Brasil

O Supremo Tribunal Federal (STF) está prestes a decidir sobre uma questão que pode alterar significativamente as regras para a realização de laqueadura e vasectomia no Brasil. Atualmente, a legislação exige que os candidatos a esses procedimentos tenham no mínimo 21 anos ou dois filhos vivos, além de capacidade civil plena. No entanto, uma ação proposta pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) busca reduzir a idade mínima para 18 anos, argumentando que as restrições atuais violam direitos fundamentais. Este resumo explora os principais pontos do debate, os argumentos favoráveis e contrários à mudança, e as implicações sociais e jurídicas envolvidas.

Contexto do julgamento

O julgamento no STF teve início em novembro de 2024, mas foi interrompido por um pedido de vista do ministro Cristiano Zanin. A pauta foi retomada em março de 2025, com votos divergentes entre os ministros. Enquanto alguns defendem a manutenção das regras atuais, outros apoiam a redução da idade mínima para 18 anos. A decisão final pode impactar diretamente o planejamento familiar e os direitos reprodutivos de milhões de brasileiros.

A legislação atual

A Lei 9.263, conhecida como Lei do Planejamento Familiar, foi alterada em 2022 pela Lei 14.443. As principais mudanças incluíram:

1. Redução da idade mínima de 25 para 21 anos.

2. Eliminação da necessidade de autorização do cônjuge.

3. Manutenção da exigência de dois filhos vivos para menores de 21 anos.

Apesar das alterações, muitos médicos ainda interpretam a lei como exigindo tanto a idade mínima quanto a condição de ter dois filhos, o que tem gerado controvérsias e dificuldades para quem deseja realizar os procedimentos.

Argumentos favoráveis à redução da idade mínima

  • Autonomia individual: Defensores argumentam que, aos 18 anos, os indivíduos já têm capacidade civil plena para tomar decisões sobre seu corpo e vida reprodutiva.

  • Direitos fundamentais: A restrição atual é vista como uma violação da dignidade humana, da liberdade de escolha e dos direitos sexuais e reprodutivos.

  • Alinhamento internacional: O Brasil é signatário de tratados internacionais que defendem a autonomia reprodutiva, e muitos países permitem a esterilização voluntária a partir dos 18 anos.

  • Aconselhamento médico: A decisão seria tomada após orientação de uma equipe multidisciplinar, garantindo que o paciente esteja bem informado.

Argumentos contrários à redução da idade mínima

  • Irreversibilidade: Laqueadura e vasectomia são procedimentos majoritariamente irreversíveis, o que exige maturidade para a tomada de decisão.

  • Maturidade cognitiva: Especialistas apontam que a plena maturidade cognitiva só é alcançada após os 21 anos, reduzindo o risco de arrependimento.

  • Pressão social: Jovens podem ser influenciados por fatores externos, como relacionamentos ou expectativas familiares, ao tomar uma decisão tão impactante.

  • Alternativas contraceptivas: Há outros métodos eficazes de contracepção que não envolvem intervenções cirúrgicas definitivas.

Impactos sociais e relatos pessoais

A pressão social e a burocracia são desafios adicionais para quem busca a esterilização voluntária. Relatos como o de Fernanda, uma cabeleireira de 28 anos, ilustram as dificuldades enfrentadas por mulheres que decidem não ter filhos. Mesmo atendendo aos requisitos legais, ela foi desencorajada por uma psicóloga durante o processo de aconselhamento, o que a levou a desistir do procedimento.

O julgamento no STF sobre a redução da idade mínima para laqueadura e vasectomia coloca em debate questões fundamentais sobre autonomia, direitos reprodutivos e o papel do Estado na regulação das decisões individuais. Enquanto alguns defendem que a mudança ampliaria a liberdade de escolha e alinharia o Brasil a padrões internacionais, outros alertam para os riscos de decisões precipitadas e irreversíveis. Independentemente do resultado, é essencial garantir que os pacientes recebam orientação adequada e que suas decisões sejam respeitadas, sem interferências indevidas. A decisão do STF terá repercussões duradouras não apenas no campo jurídico, mas também na vida de milhões de brasileiros que buscam controlar seu futuro reprodutivo.

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