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quinta-feira, 27 de março de 2025 às 11:12 GMT+0

O dilema da tecnologia na educação: Foco x Distração - Por que manter a atenção na escola virou um ato de resistência?

No mundo hiperconectado de hoje, a dificuldade de manter a atenção tornou-se um desafio global, especialmente nas escolas. O artigo de Antônio Álvaro Soares Zuin, professor da UFSCar, explora como a ansiedade exacerbada e a dispersão causadas pelo uso constante de tecnologias estão transformando a educação e as relações sociais. Com base em pesquisas e exemplos concretos, o texto discute os impactos da hiperconectividade na saúde mental e propõe reflexões sobre como equilibrar o uso da tecnologia no aprendizado.

A ansiedade na era digital: Um mal necessário ou um transtorno?

  • A ansiedade, originalmente uma resposta evolutiva para sobrevivência, tornou-se um problema quando desencadeada excessivamente pelo estilo de vida moderno.

  • O avanço tecnológico, especialmente smartphones, mantém as pessoas em estado de alerta constante, alimentando a cultura do "24/7" (disponibilidade ininterrupta), como descreve Jonathan Crary.

Exemplo: Uma confeiteira que perdeu uma venda por não responder a uma mensagem após a meia-noite ilustra a pressão por estar sempre conectado.

A crise de atenção nas escolas

1. Estudantes enfrentam dificuldades crescentes para focar em aulas presenciais, levando a proibições de celulares em escolas (como na França, Espanha e Holanda).

2. Proibir dispositivos, porém, pode aumentar a ansiedade, já que os jovens associam sua identidade à presença online, como argumenta o filósofo Christoph Türcke.

Soluções propostas:

  • Contratos pedagógicos: Acordos para uso consciente de tecnologias em sala, integrando-as ao aprendizado (ex.: pesquisas pontuais).

  • Concentração profunda: Evitar o "multitarefa", que fragmenta a atenção e prejudica a aprendizagem.

Cyberbullying e discursos de ódio: O lado sombrio da conectividade

  • Redes sociais priorizam conteúdos polêmicos (como discursos de ódio) para aumentar engajamento e lucro.

  • Pesquisas de Zuin mostram que vídeos de humilhação a professores viralizam globalmente, reforçando a cultura do cyberbullying.

Dados: Um vídeo brasileiro de agressão a um docente teve mais de 2 milhões de visualizações e foi traduzido para outros idiomas.

Lições da pandemia e o papel ativo da escola

Estudos comparativos entre Brasil e Alemanha revelaram que aulas virtuais interativas reduziram ansiedade e melhoraram o aprendizado, enquanto aulas gravadas aumentaram o isolamento.

A escola deve:

1. Promover debates críticos sobre ética digital e fake news.

2. Ensinar a filtrar informações, combatendo preconceitos e medos alimentados por algoritmos.

Destaque: O STF brasileiro foi pioneiro ao exigir que plataformas como X (Twitter) e Meta (Facebook) combatam desinformação, diferentemente da lentidão europeia.

O futuro desafiador: Inteligência artificial e novas tecnologias

  • Dispositivos como óculos e implantes conectados substituirão smartphones, intensificando os desafios atuais.

  • O uso não crítico de IA nas escolas ameaça a originalidade e a formação ética dos alunos (ex.: plágio em trabalhos acadêmicos).

Reinventar a educação em tempos de distração

Manter o foco hoje é um ato de resistência. A escola precisa equilibrar a utilização das tecnologias com a construção de vínculos humanos, incentivando a concentração e o pensamento crítico. Em vez de proibições radicais, propostas como contratos pedagógicos e integração consciente de dispositivos podem transformar a sala de aula em um espaço de aprendizado significativo. O artigo reforça que, em um mundo dominado por algoritmos, a educação deve priorizar a formação de cidadãos autônomos, capazes de usar a tecnologia sem se tornarem reféns dela.

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