Morte assistida: A corajosa decisão de Wayne Hawkins e o debate sobre o direito de morrer com dignidade

Wayne Hawkins, um americano de 80 anos, decidiu que não queria esperar pela morte lenta e dolorosa que suas doenças terminais trariam. Em vez disso, escolheu a morte assistida, um procedimento legal na Califórnia. Sua história, contada pela BBC, nos faz refletir sobre vida, morte e o direito de escolher como partir.
Por que Wayne escolheu a morte assistida?
Wayne sofria de várias doenças graves:
- Insuficiência cardíaca terminal (com menos de seis meses de vida).
- Câncer de próstata e problemas no fígado.
- Dores intensas causadas por sepse e outros problemas.
Ele já havia visto parentes morrerem de forma agonizante e não queria o mesmo para si:
"Não vejo mérito em morrer lentamente, preso a tubos e máquinas", disse.
Pontos importantes
1.
Mostra o sofrimento de quem enfrenta doenças sem cura.
2.
Levanta a questão: Todos deveriam ter o direito de decidir como morrer?
Como funciona a morte assistida na Califórnia?
A lei exige regras rígidas para evitar abusos:
- Dois médicos confirmam que o paciente está terminal e mentalmente capaz.
- O próprio paciente deve tomar o remédio, sem ajuda direta de outros.
- Família presente, mas sem interferir na decisão.
No caso de Wayne, o médico Donnie Moore preparou uma mistura de medicamentos letais, que ele tomou junto com suco para disfarçar o gosto amargo.
O que aconteceu depois?
- Em 35 minutos, Wayne adormeceu e não acordou mais.
- Sua família ficou ao seu lado, contando histórias até o último momento.
O outro lado da discussão: Os riscos da morte assistida
Nem todos apoiam essa prática. Alguns argumentos contra:
- Pacientes podem se sentir pressionados a escolher a morte para não ser um "peso" para a família.
- Erros médicos podem acontecer – e não há volta.
- Pessoas com deficiência temem que a sociedade passe a ver suas vidas como "menos valiosas".
Um médico de cuidados paliativos, Vincent Nguyen, disse:
"Em vez de ajudar a morrer, deveríamos melhorar os cuidados para aliviar a dor."
E no Brasil? Isso já é permitido?
No Brasil, tanto o suicídio assistido quanto a eutanásia são proibidos por lei:
- A prática é considerada crime, mesmo que seja feita por compaixão.
- Um médico que realizar eutanásia pode ser processado por homicídio.
- O Código Penal brasileiro prevê até 6 anos de prisão para quem "instiga ou auxilia alguém a suicidar-se", mesmo que a vítima sobreviva.
- No entanto, o Testamento Vital (documento que expressa desejos sobre tratamentos médicos em caso de incapacidade) é legalizado e permite que a pessoa recuse tratamentos que prolonguem artificialmente a vida.
Reflexão:
- Todos deveriam ter o direito de escolher?
- Ou isso poderia levar a abusos?
O legado De Wayne: Uma morte em paz
Wayne morreu como viveu – Cercado por quem amava, no controle de suas decisões. Sua esposa Stella disse: "Acabaram as dores"
, aliviada por ver seu sofrimento terminar.
O que podemos aprender com essa história?
- A morte é parte da vida, e cada um lida com ela de um jeito.
- Discussões sobre direitos no fim da vida são necessárias, mas delicadas.
- Seja qual for a opinião, histórias como a de Wayne nos fazem pensar no que realmente importa.
Para quem precisa de ajuda
Se você, ou alguém próximo, enfrenta sofrimento emocional, pensamentos suicidas ou luto por suicídio, há ajuda disponível:
- O CVV (Centro de Valorização da Vida) atende gratuitamente, 24h por dia, pelo
telefone 188
ou pelo site www.cvv.org.br. - Jovens de 13 a 24 anos podem acessar o chat da plataforma Pode Falar, da Unicef.
- Em emergências, contate o
SAMU (192)
,Bombeiros (193)
ouPolícia Militar (190)
. - Unidades públicas como CAPS, UBS e UPAs oferecem apoio em saúde mental.
- A Associação Brasileira dos Sobreviventes Enlutados por Suicídio (Abrases) também oferece acolhimento e grupos de apoio.
"Não importa se a vida é longa ou curta, sagrada ou terrena, dolorosa ou serena. O último suspiro deveria ser tão único quanto o primeiro. A forma de partir não é sobre crenças, leis ou debates, é sobre o direito mais íntimo de quem viveu a própria história. Se a vida é nossa, por que não o adeus?"
Um debate necessário e delicado
A história de Wayne Hawkins não é apenas sobre morte, mas sobre como as sociedades encaram o fim da vida. Enquanto alguns veem a morte assistida como libertação, outros a enxergam como falha do sistema de saúde em oferecer cuidados paliativos adequados. Seja qual for a posição, sua jornada destaca a necessidade de diálogos compassivos, políticas bem regulamentadas e respeito às escolhas individuais.