Harvard vs Trump: Como a universidade bilionária enfrenta cortes de verba e ameaças políticas

Harvard não é apenas a universidade mais prestigiada dos Estados Unidos, mas também a mais rica do mundo, com um patrimônio estimado em US$ 53 bilhões
— valor superior ao pib de países como Bolívia e Paraguai. Sua riqueza, construída ao longo de quase 350 anos, permite-lhe enfrentar desafios políticos e econômicos que abalariam outras instituições. Recentemente, essa resistência foi testada quando o presidente Donald Trump congelou bilhões em financiamento federal após Harvard recusar exigências governamentais sobre suas políticas acadêmicas.
A riqueza de Harvard: Origens e gestão
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Doações históricas e investimentos: Harvard acumulou sua fortuna através de doações milionárias de ex-alunos e investimentos bem-sucedidos, administrados como um fundo patrimonial (endowment). Em 2024, o retorno desses investimentos foi de 9,6%.
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Restrições legais: Mais de 80% do endowment tem uso específico, como bolsas de estudo, pesquisas médicas e programas acadêmicos, conforme estipulado pelos doadores. A universidade não pode realocar livremente esses recursos.
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Comparação global: Seu patrimônio supera o de outras universidades da Ivy League, como Yale e Princeton, e equivale ao pib de nações inteiras.
O conflito com Donald Trump
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Congelamento de verbas: Trump cortou
US$ 2,2 bilhões
em financiamento federal após Harvard se recusar a adotar medidas contra o antissemitismo e alterar políticas de admissão. -
Ataques verbais: O presidente acusou a universidade de "ensinar ódio e estupidez" e ameaçou revogar sua isenção fiscal, que economizou US$ 158 milhões em impostos em 2023.
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Autonomia acadêmica: O presidente de Harvard, Alan Garber, defendeu a independência da instituição, afirmando que governos não devem ditar o conteúdo educacional.
A importância do financiamento federal
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Pesquisa científica: Uma parte significativa dos fundos públicos é destinada a hospitais afiliados, como o Massachusetts General Hospital, que lidera pesquisas em doenças como câncer e AIDS.
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Acesso democratizado: Apesar da mensalidade anual ultrapassar
US$ 79 mil
, 55% dos estudantes não pagam nada.
A capacidade de resistência de Harvard
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Sólida saúde financeira: A universidade tem um superávit de
US$ 45 milhões
, o que lhe garante uma classificação de crédito AA e acesso a uma linha de crédito deUS$ 1,5 bilhão
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Desafios potenciais: A perda permanente de isenção fiscal ou cortes prolongados poderiam afetar sua liquidez, mas especialistas acreditam que Harvard pode emitir títulos ou buscar financiamentos alternativos.
Harvard é um caso único no mundo acadêmico: sua riqueza histórica e gestão rigorosa permitem-lhe desafiar até mesmo o governo dos EUA. No entanto, o conflito com Trump expõe tensões entre autonomia universitária e influência política, além de destacar a interdependência entre instituições privadas e verbas públicas. Enquanto a universidade demonstra resiliência financeira, a disputa pode ter repercussões amplas, afetando não apenas Harvard, mas todo o modelo de educação superior e pesquisa científica nos Estados Unidos.