A técnica de churrasco de Bittor Arginzoniz: Os segredos do mestre da grelha dono do 2º melhor restaurante do mundo

Bittor Arginzoniz, um homem simples de 64 anos, dono do renomado restaurante Asador Etxebarri, no País Basco espanhol, é considerado um mestre da grelha. Seu estabelecimento, eleito o segundo melhor do mundo pelo ranking The World's 50 Best Restaurants, combina tradição, inovação e um respeito quase religioso pelos ingredientes. Apesar do sucesso, Arginzoniz evita holofotes, preferindo o silêncio de sua cozinha às conferências gastronômicas. Sua história é um testemunho de dedicação, observação e amor pelo ofício.
A trajetória incomum de um mestre da grelha
Arginzoniz não seguiu o caminho convencional da alta gastronomia. Antes de se tornar chef, trabalhou como guarda florestal e em uma fábrica de celulose. Sua jornada começou quando decidiu reformar um bar abandonado em sua cidade natal, Atxondo, usando apenas os conhecimentos culinários aprendidos com sua avó e mãe. Durante 30 anos, ele refinou sua técnica, desenvolvendo um método único de grelhar que ele chama de "o sussurro do fogo".
A filosofia: O produto acima de tudo
Para Arginzoniz, a cozinha moderna muitas vezes negligencia o essencial: a qualidade dos ingredientes. Ele supervisiona pessoalmente cada detalhe, desde a seleção da madeira usada para assar (carvalho para carne, laranjeira para salmão) até a criação de suas próprias enguias e a importação de búfalos italianos para produzir queijos artesanais. Sua obsessão pelo controle de qualidade o levou a medir o pH da carne, garantindo que apenas o melhor chegue ao prato do cliente.
Inovação e utensílios personalizados
O chef não se limita a técnicas tradicionais. Ele projetou ferramentas exclusivas, como panelas perfuradas a laser para grelhar enguias e outros ingredientes delicados. Sua abordagem é marcada pela experimentação: "Ninguém me ensinou nada. Foi tudo tentativa e erro", afirma. Essa mentalidade o levou a explorar novos sabores, como grelhar cogumelos, ervilhas e até caviar.
A rotina de um perfeccionista
Arginzoniz trabalha do nascer ao pôr do sol, acendendo o fogo às 6h30 e só parando às 20h. Mesmo durante a pandemia, montou uma churrasqueira em casa para não perder a prática. Seu único momento de relaxamento é o jantar em família, regado a vinho e pratos simples preparados por sua sogra. "Paz, paz, paz", repete, destacando o valor desses pequenos prazeres.
A rejeição ao estrelato e o legado
Apesar do reconhecimento internacional, Arginzoniz se descreve como um "trabalhador esforçado", não uma estrela. Ele evita eventos gastronômicos e rejeita a ideia de expandir seu restaurante ou criar filiais. Seus filhos seguem carreiras distintas, e ele aceita que seu legado possa terminar com ele. "Eu nunca busquei fama", diz, ressaltando que seu foco sempre foi a excelência, não o marketing.
A simplicidade como sofisticação
Bittor Arginzoniz prova que a verdadeira maestria está na simplicidade e no respeito aos ingredientes. Sua história inspira não apenas chefs, mas qualquer pessoa que valorize a dedicação a um ofício. Enquanto muitos restaurantes buscam inovações radicais, ele mantém viva a arte ancestral do fogo, mostrando que, às vezes, o segredo do sucesso é dominar o básico com perfeição. Seu restaurante não é apenas um destino gastronômico, mas um tributo à paciência, à observação e ao amor pela comida bem feita.