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quinta-feira, 3 de abril de 2025 às 12:03 GMT+0

Autismo: Sinais, causas e o diagnóstico que falhou com as mulheres – Sintomas que podem ser ignorados

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica complexa que afeta comunicação, interação social e comportamento. No Brasil, o número de crianças com autismo nas escolas quase dobrou entre 2022 e 2023, alcançando 36 mil matrículas (Censo Escolar 2023). No entanto, o diagnóstico ainda enfrenta barreiras significativas, especialmente para meninas e mulheres, historicamente negligenciadas pela ciência. Este resumo aborda os sinais clínicos, as possíveis causas, os desafios do diagnóstico tardio e o viés de gênero que permeia a pesquisa e a prática clínica, com base em especialistas como Antônio Geraldo (psiquiatra), Tatiana Serra (neuropsicóloga) e Gina Rippon (neurocientista).

A importância do diagnóstico precoce

  • Impacto no desenvolvimento: Identificar o TEA na infância permite intervenções terapêuticas precoces, melhorando habilidades sociais, comunicação e qualidade de vida.

  • Adultos "mascarando" sintomas: Muitos adultos, especialmente mulheres, desenvolvem estratégias para camuflar dificuldades sociais, atrasando o diagnóstico e aumentando riscos de comorbidades como ansiedade e depressão.

  • Papel das escolas: Instituições educacionais devem estar capacitadas para reconhecer sinais e encaminhar crianças para avaliação multidisciplinar.

Sinais do autismo em crianças

Os principais indicadores, segundo especialistas:

1. Comunicação: Atraso na fala, falta de contato visual e dificuldade em responder ao nome.
2. Interação social: Dificuldade em brincar com pares, isolamento ou interesses restritos (como fixação em temas específicos).
3. Comportamentos repetitivos: Balanço corporal, organização obsessiva de objetos ou resistência a mudanças na rotina.
4. Sensibilidades sensoriais: Hipersensibilidade a sons, texturas ou luzes (mais comum em meninas, segundo Gina Rippon).

Dado crucial: Meninas frequentemente internalizam sintomas, sendo erroneamente diagnosticadas com ansiedade ou transtornos alimentares antes do TEA.

O viés de gênero no diagnóstico

Dados alarmantes:

  • 70% dos estudos sobre autismo focaram apenas em homens, conforme revisão de Gina Rippon (2024).
  • Meninos têm 10 vezes mais chances de serem encaminhados para avaliação de TEA do que meninas.
  • 80% das mulheres autistas recebem diagnósticos incorretos (como transtorno borderline ou ansiedade social) antes do TEA.

Por que isso acontece?

  • Critérios baseados em meninos: Sintomas como agressividade ou hiperfoco são mais visíveis, enquanto meninas tendem a "camuflar" comportamentos para se adequar socialmente.
  • Viés cultural: Professores e médicos associam autismo a características masculinas, ignorando manifestações como timidez excessiva ou hipersensibilidade sensorial em meninas.
  • Falta de representação: Até recentemente, manuais diagnósticos como o DSM-5 não incluíam diferenças de gênero nos critérios.

Exemplo real: Kevin Pelphrey, pesquisador de autismo, relatou dificuldades para diagnosticar sua própria filha, que foi repetidamente classificada como "tímida".

Possíveis causas do autismo

As evidências apontam para:

1. Genética: Predisposição hereditária é o fator mais relevante.
2. Fatores ambientais: Exposição a toxinas na gravidez, deficiência de ácido fólico ou condições maternas (como depressão).
3. Interação complexa: Não há uma causa única, mas sim a combinação de múltiplos fatores.

Avanços e desafios

O autismo é um espectro diverso, e sua compreensão deve evoluir para incluir todas as vozes:

  • Conscientização: Campanhas devem destacar as diferenças de gênero no TEA, evitando diagnósticos tardios.
  • Inclusão na pesquisa: Estudos precisam envolver mais mulheres e adotar metodologias participativas (com autistas na equipe).
  • Apoio multidisciplinar: Acesso a psiquiatras, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais é essencial para o desenvolvimento pleno.

Como afirma Gina Rippon:

"Chegaram as meninas" — é hora de a ciência e a sociedade reconhecerem que o autismo não tem gênero.

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