STF vs Democracias globais: O que torna o Supremo do Brasil tão poderoso?

O Supremo Tribunal Federal (STF) é uma das instituições mais poderosas e visíveis do Brasil, ocupando um papel central na democracia do país. Em uma análise recente, Oscar Vilhena Vieira, professor de Direito da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP), destacou que o STF possui mais atribuições e influência do que as cortes supremas da maioria das democracias mundiais. Sua avaliação, apresentada no jornal WW da CNN, levanta questões importantes sobre o funcionamento do judiciário brasileiro e seus impactos políticos e sociais.
Os amplos poderes do STF
Vilhena ressaltou que o STF acumula funções que, em outros países, são distribuídas entre diferentes instâncias judiciais. Enquanto em muitas democracias as cortes constitucionais, tribunais de apelação e julgamentos de primeira instância para autoridades são separados, no Brasil, o STF concentra todas essas competências. Isso lhe confere um poder excepcional, permitindo que intervenha em questões desde constitucionalidade de leis até processos envolvendo políticos influentes.
A visibilidade midiática do STF
Outro aspecto único é a exposição pública do STF. O Brasil e o México são raros exemplos de países que televisionam as sessões de sua corte suprema. Em nações como a Inglaterra, os juízes mantêm um perfil discreto, evitando manifestações públicas fora dos processos. No Brasil, ministros do STF frequentemente aparecem na mídia, gerando debates e, em alguns casos, tornando-se figuras quase celebridades. Essa exposição, segundo Vilhena, causa estranheza em observadores internacionais, acostumados com a reserva de magistrados em outras democracias.
Implicações para a democracia brasileira
A combinação de poderes amplos e alta visibilidade traz consequências significativas:
1.
Influência política: O STF frequentemente decide sobre temas que, em outros países, seriam resolvidos pelo legislativo ou executivo, como mudanças em políticas públicas e direitos fundamentais.
2.
** Críticas internacionais:** A atuação de ministros como Alexandre de Moraes tem sido questionada por veículos estrangeiros, que enxergam certas decisões como excessivamente intervencionistas.
3.
Comportamento dos ministros: Vilhena mencionou uma "legítima preocupação" com a conduta de alguns membros do STF, sugerindo que a postura mais aberta pode, em alguns casos, prejudicar a percepção de imparcialidade.
Comparações com outras democracias
Enquanto cortes como a Suprema Corte dos Estados Unidos ou o Tribunal Constitucional Federal da Alemanha têm papéis bem definidos e limitados, o STF opera em um espectro mais amplo. Por exemplo:
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Nos EUA, a Suprema Corte evita julgar casos envolvendo figuras políticas em primeira instância.
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Na Alemanha, o tribunal constitucional não atua como instância recursal para processos comuns.
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A análise de Oscar Vilhena Vieira revela que o STF é uma instituição com poderes excepcionais e um grau de exposição incomparável em relação a outras democracias. Essa combinação gera debates sobre o equilíbrio entre os poderes no Brasil e a necessidae de maior transparência e controle. Enquanto alguns defendem que um STF atuante é crucial para a defesa da Constituição, outros alertam para os riscos de judicialização excessiva da política. O desafio, portanto, é garantir que o tribunal exerça suas funções sem comprometer a harmonia institucional ou a credibilidade da justiça.