Guerra comercial de Trump em 2025: Por que especialistas chamam suas políticas de 'estúpidas'?

No dia 4 de abril de 2025, o presidente dos Estados Unidos Donald Trump foi fotografado no Trump International Golf Club, na Flórida, enquanto suas políticas tarifárias causavam turbulência na economia global. Essa cena gerou críticas, incluindo a do ex-primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, que classificou as medidas de Trump como "muito burras". No entanto, pesquisas acadêmicas sugerem que o termo mais adequado para descrever tais ações seria "estúpido", conforme análise publicada por Jerry Paul Sheppard, professor da Simon Fraser University, no artigo "Políticas de Trump são mais que burras, são estúpidas, apontam pesquisas sobre a estupidez".
A estupidez como fenômeno estudado pela ciência
A estupidez não é um simples insulto, mas um conceito analisado academicamente. O historiador econômico italiano Carlo Cipolla categorizou as interações humanas em quatro tipos:
1.
Interações inteligentes: Beneficiam todos, como o livre comércio, baseado na teoria de Adam Smith.
2.
Interações inúteis: Resultam em perdas em um jogo de soma zero.
3.
Interações desonestas: Geram ganhos para alguns em detrimento de outros.
4.
Interações estúpidas: Causam prejuízos para todas as partes envolvidas.
As políticas tarifárias de Trump se encaixam na quarta categoria, pois, ao impor barreiras comerciais, ele desencadeou retaliações de outros países, prejudicando a economia global.
Os três tipos de ações estúpidas identificadas por pesquisadores
Estudos modernos destacam três padrões de comportamento associados à estupidez:
1.
Ignorância confiante: Indivíduos assumem riscos sem ter capacidade para lidar com eles, como no caso de Trump delegar tarefas complexas a figuras como Elon Musk e Pete Navarro, que demonstraram falta de preparo.
2.
Fracasso por falta de atenção: Decisões são tomadas sem análise cuidadosa, como os ataques dos EUA contra os Houthis no Iêmen, em que informações críticas vazaram devido a falhas de segurança.
3.
Falta de controle: Líderes autocráticos ignoram objeções e selecionam informações tendenciosas, como a demissão da advogada Elizabeth Oyer, que se opôs ao perdão do ator Mel Gibson devido a suas conexões com Trump.
Estupidez funcional e disfuncional nas organizações
Nas estruturas de poder, a estupidez pode ser:
-
Funcional: Quando indivíduos evitam questionamentos para agilizar processos, mas acabam cometendo erros graves.
-
Disfuncional: Quando organizações bloqueiam críticas e se recusam a usar dados disponíveis, como no caso do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), chefiado por Musk, que teve acesso irrestrito a dados sensíveis sem supervisão adequada.
A estupidez como estratégia ou incompetência?
Algumas ações aparentemente estúpidas podem esconder agendas ocultas. Por exemplo, a deportação arbitrária de estrangeiros sob a Lei de Inimigos Estrangeiros pode ser uma forma de incutir medo na população. No entanto, as tarifas comerciais de Trump, que não seguiram lógica econômica, parecem refletir pura incompetência, resultando em perdas generalizadas.
É possível mitigar a estupidez nas decisões políticas?
O artigo conclui que, embora "não se possa consertar a estupidez", é essencial ter líderes capacitados e mecanismos de fiscalização para reduzir seus impactos. No caso de Trump, a falta de controle democrático e a centralização do poder ampliaram os efeitos negativos de suas políticas. A lição deixada é que, em um sistema político saudável, a transparência e o equilíbrio de poderes são fundamentais para evitar decisões desastrosas.