Governo Federal quer aumentar pena para quem compra celular roubado: Isso resolve de fato o problema ou apenas superlota ainda mais as prisões?

O governo federal anunciou, em 28 de março de 2025, um projeto de lei que propõe aumentar as penas para quem compra ou recebe celulares e outros produtos roubados. A medida, elaborada pelo Ministério da Justiça sob o comando de Ricardo Lewandowski, tem como objetivo combater o mercado ilegal de produtos furtados, especialmente aqueles vinculados a organizações criminosas. O texto será enviado ao Congresso Nacional para análise e votação.
Principais pontos da proposta
Aumento das penas:
- A pena mínima para receptação qualificada subirá de 3 para 4 anos e 6 meses (aumento de 1/3).
- A pena máxima saltará de 8 para 12 anos (aumento de 50%).
A medida abrange celulares, dispositivos eletrônicos, cabos, fios e outros itens que armazenam dados pessoais.
Equiparação a crimes graves:
- A venda de produtos roubados será tratada com a mesma severidade que a comercialização de sinal pirata de TV, considerado crime grave.
Definição de furto qualificado:
- Será considerado crime mais grave quando o furto for cometido sob encomenda para revenda, especialmente se vinculado a esquemas criminosos.
O que é receptação qualificada?
Receptação qualificada ocorre quando alguém adquire, recebe, oculta ou transporta produtos sabendo que são fruto de crime. Comprar um celular roubado, por exemplo, já é crime, mas a nova proposta torna as consequências mais severas.
Objetivos e justificativas do governo
- Combate ao crime organizado: O governo afirma que a revenda de celulares roubados financia facções e outros grupos criminosos. Em 2023, mais de 1 milhão de aparelhos foram furtados no país.
- Pressão pública: Apesar de a segurança pública ser responsabilidade dos estados, a população frequentemente cobra ações do governo federal em casos de alta criminalidade.
Debates e críticas
Nem todos especialistas concordam que aumentar penas seja a solução. O ministro do STF Gilmar Mendes, em um seminário em 2024, argumentou que medidas punitivas mais duras não necessariamente reduzem a criminalidade organizada. O debate envolve a eficácia do endurecimento penal versus investimentos em inteligência e prevenção.
A proposta do governo federal reflete uma tentativa de frear os roubos de celulares e desarticular redes criminosas que lucram com esse mercado. Se aprovada, a lei significará penas mais duras para quem comprar produtos roubados, mas sua eficácia ainda divide opiniões. Enquanto o projeto segue para análise no Congresso, discute-se se o caminho para reduzir crimes patrimoniais passa apenas por punições mais severas ou por estratégias integradas de segurança.