Conteúdo verificado
domingo, 2 de março de 2025 às 10:22 GMT+0

Aproximação entre Estados Unidos e Rússia: Estamos testemunhando o fim da 'ordem mundial liberal'?

A recente reaproximação entre os Estados Unidos e a Rússia levanta questionamentos sobre o futuro da chamada 'ordem mundial liberal'. Esse sistema, consolidado após a Segunda Guerra Mundial, baseia-se na promoção da democracia, do livre comércio e do respeito às normas internacionais, tendo sido amplamente liderado pelo Ocidente, especialmente pelos EUA. No entanto, o crescente questionamento dessa ordem, somado à ascensão de potências rivais como China e Rússia, pode indicar uma mudança profunda na geopolítica global.

O que é a 'ordem mundial liberal'?

A 'ordem mundial liberal' refere-se a um modelo de governança internacional baseado em regras e instituições que promovem a cooperação entre países. Seu propósito principal sempre foi garantir um ambiente internacional previsível e seguro, evitando conflitos e facilitando o desenvolvimento econômico.

Princípios fundamentais:

1. Defesa da democracia e dos direitos humanos.
2. Livre comércio e economia de mercado globalizada.
3. Resolução de conflitos por meio do diálogo e diplomacia.
4. Multilateralismo, com instituições globais regulando as relações entre países.

Principais instituições:

  • Organização das Nações Unidas (ONU): Criada em 1945, tem como objetivo a manutenção da paz e a cooperação entre países.
  • Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN): Aliança militar liderada pelos EUA para garantir a segurança dos países membros.
  • Organização Mundial do Comércio (OMC): Regula o comércio global e promove a eliminação de barreiras comerciais.
  • Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial: Instituições que oferecem suporte financeiro e técnico para estabilizar economias em crise.

Esse modelo foi amplamente impulsionado pelos EUA e seus aliados europeus, garantindo décadas de estabilidade e crescimento econômico global.

Os desafios à ordem mundial liberal

Nas últimas décadas, a ordem liberal tem enfrentado desafios significativos, que vão desde o questionamento de sua legitimidade até ações unilaterais de grandes potências.

Conflitos militares sem aprovação internacional:

  • A invasão do Iraque em 2003 pelos EUA, sem aprovação da ONU, enfraqueceu a legitimidade do multilateralismo.
  • A anexação da Crimeia pela Rússia em 2014 violou tratados internacionais e gerou sanções contra Moscou.

Ascensão de potências revisionistas:

  • A China busca ampliar sua influência econômica e militar, desafiando o domínio ocidental.
  • A Rússia, por sua vez, vem se posicionando contra a expansão da OTAN e tenta reconstruir sua zona de influência.

Crises internas no Ocidente:

  • O aumento do nacionalismo e do protecionismo em países como os EUA e o Reino Unido (Brexit) tem reduzido a cooperação internacional.
  • Movimentos políticos internos questionam o papel dos EUA como 'polícia do mundo', sugerindo maior isolamento e menor intervenção global.

Aproximação entre Estados Unidos e Rússia: O que está mudando?

Historicamente, as relações entre EUA e Rússia passaram por altos e baixos, desde o confronto da Guerra Fria até tentativas de reaproximação após o colapso da União Soviética. Porém, nos últimos anos, tensões aumentaram devido a sanções econômicas, interferência russa em eleições ocidentais e conflitos geopolíticos, como a guerra na Ucrânia.

No entanto, sinais recentes indicam uma possível reaproximação:

Mudança na postura diplomática dos EUA:

  • Pressões políticas e interesses estratégicos podem levar Washington a buscar um entendimento com Moscou.
  • A tentativa de equilibrar sua rivalidade com a China pode ser um dos fatores que impulsionam essa reaproximação.

Impacto na OTAN e alianças tradicionais:

  • Se os EUA diminuírem sua pressão sobre a Rússia, a aliança transatlântica pode ser enfraquecida.
  • Isso pode gerar desconfiança entre aliados europeus e levar a uma maior militarização da Europa.

Sanções econômicas e relações comerciais:

  • O alívio das sanções contra a Rússia poderia impulsionar sua economia e alterar o equilíbrio de poder global.
  • Empresas ocidentais poderiam retomar investimentos na Rússia, aumentando a interdependência econômica.

Estamos testemunhando o fim da 'ordem mundial liberal'?

A aproximação entre EUA e Rússia representa mais um capítulo nas mudanças da política global, mas não significa, necessariamente, o fim da ordem liberal. Alguns fatores devem ser levados em conta:

  • A ordem liberal já enfrentou crises no passado e sobreviveu. O sistema global tem mostrado resiliência, mesmo diante de guerras e crises econômicas.
  • Adaptações são necessárias para manter a relevância da ordem liberal. Reformas em instituições como a ONU e a OMC podem ajudar a tornar as regras internacionais mais inclusivas e eficazes.
  • A influência dos EUA ainda é predominante. Mesmo que Washington mude sua estratégia, seu peso econômico e militar continua sendo um fator decisivo no cenário global.
  • No entanto, se essa tendência de reaproximação for consolidada, somada ao crescimento da China e ao declínio do multilateralismo, a ordem mundial pode entrar em uma nova fase, menos centrada no Ocidente e mais fragmentada.

A possível reaproximação entre EUA e Rússia é um evento significativo, mas não representa, por si só, o colapso da ordem mundial liberal. O que estamos testemunhando é uma mudança na dinâmica do poder global, onde novas alianças e estratégias podem redefinir as regras do jogo. A forma como os países ocidentais responderão a esses desafios determinará o futuro dessa ordem e o equilíbrio global nos próximos anos.

Estão lendo agora

O que seus mamilos podem dizer sobre sua saúde? A importância de estar atentos aos sinaisOs mamilos desempenham papéis vitais tanto na amamentação quanto na saúde mamária em geral. São estruturas complexas, re...
A era dos megainvestimentos da China no Brasil está chegando ao fim?Nos últimos cinco anos, o Brasil, que outrora liderava como principal destino dos investimentos chineses na América Lati...
Hildegarda de Bingen: A Santa que revolucionou a cerveja e descreveu o orgasmo feminino pela primeira vezHildegarda de Bingen (1098-1179) foi uma figura notável da Idade Média, reconhecida por suas contribuições em diversas á...
Bully Cat: A controvérsia em torno de uma nova raça felinaO Bully Cat, uma raça felina recém-criada, tem gerado polêmica entre defensores dos direitos dos animais devido aos séri...
7 filmes de terror imperdíveis para 2025: Reboots, sequências e novos clássicos para conferirO ano de 2025 promete ser um marco para os fãs de filmes de terror, com grandes estreias e continuações aguardadas. Para...
Animais podem dar à luz gêmeos? Curiosidades e mitosReceber um novo bebê na família é emocionante, mas também envolve muito trabalho. Imagine, então, quando essa nova adiçã...
Boicote do Real Madrid à Bola de Ouro 2024 e a ausência de Vini Jr.A cerimônia da Bola de Ouro de 2024, organizada pela France Football, trouxe mais do que apenas os esperados anúncios de...
Desafios econômicos do governo Lula: 4 dores de cabeça que deixam governo sob pressãoO presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta uma série de desafios importantes em sua gestão, destacados nesta última...
São Caetano do Sul vs Melgaço: O contraste entre o melhor e o pior IDH do Brasil - Documentário BBCMelgaço, no Pará), é o município com o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. Localizado no arquipélago...
7 filmes de ação imperdíveis de 2025: Sequências, novas aventuras e grandes estrelas!Em 2025, os fãs de ação podem esperar uma grande variedade de lançamentos, com filmes que vão desde comédias eletrizante...
Fenômeno global das capivaras: Dos cafés de Tóquio, música na Rússia às ruas de São PauloAs capivaras, nativas da América do Sul, têm conquistado o mundo de formas inesperadas e surpreendentes. Do Japão à Rúss...