Crise na FIA: Vice-presidente renuncia e denuncia falhas graves de governança no automobilismo mundial

A federação internacional de automobilismo (FIA), entidade máxima do esporte a motor, enfrenta uma crise de governança após a renúncia do vice-presidente Robert Reid. O escocês, campeão mundial de rali em 2001, deixou o cargo nesta quinta-feira (10/04/2025) alegando graves falhas nos padrões de transparência e gestão da organização. Sua saída ocorre em um momento delicado, às vésperas do grande prêmio do Bahrein de fórmula 1, e expõe tensões internas que podem impactar o futuro da entidade.
Contexto e motivos da renúncia
Robert Reid integrava a equipe de confiança do presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, mas decidiu renunciar após discordar de mudanças recentes nos estatutos da organização. Em comunicado, Reid afirmou: "Quando aceitei esse cargo, foi para servir aos membros da FIA, não ao poder". Ele criticou a erosão de princípios como transparência e representatividade, destacando que decisões importantes estão sendo tomadas "a portas fechadas", sem consulta aos membros que a FIA deveria representar.
Repercussão e críticas à gestão atual
A renúncia de Reid não é um caso isolado. David Richards, presidente da Motorsport UK (federação britânica de automobilismo), também se manifestou contra as mudanças na FIA. Em carta aberta, Richards falou em uma "mudança na bússola moral" da liderança e planeja confrontar Ben Sulayem pessoalmente. Ambos os dirigentes enfatizam que a entidade precisa de uma governança mais democrática e menos centralizada.
Impacto no automobilismo mundial
A crise na FIA ocorre em um momento sensível:
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Eventos esportivos: A entidade organiza competições de alto nível, como a fórmula 1, cujo grande prêmio do Bahrein acontece neste fim de semana.
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Processo eleitoral: Ben Sulayem busca a reeleição em dezembro de 2025, e a saída de Reid pode influenciar o apoio dos membros.
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Credibilidade: A falta de transparência pode afetar a confiança de patrocinadores, equipes e federações filiadas.
Posicionamento da FIA e silêncio de Ben Sulayem
Até o momento, o presidente da FIA não se pronunciou sobre a renúncia. Um porta-voz informou que a entidade prepara um comunicado oficial. Ben Sulayem está no Bahrein para reuniões e acompanhar a corrida, o que sugere que o assunto pode ser tratado nos bastidores.
Apelo por mudanças
Em sua despedida, Reid conclamou clubes e stakeholders a exigirem maior prestação de contas da cúpula da FIA. Seu discurso reforça a necessidade de:
- Transparência: Processos decisórios abertos e consultivos.
- Representatividade: Respeito às estruturas democráticas da entidade.
- Liderança ética: Alinhamento com os valores do esporte.
A renúncia de Robert Reid expõe uma crise de governança na FIA, com potencial para abalar a estabilidade do automobilismo mundial. Seus alertas sobre centralização de poder e falta de transparência ressoam como um chamado para reformas urgentes. Enquanto a entidade se prepara para emitir uma resposta oficial, o esporte aguarda para ver se essa turbulência levará a mudanças concretas ou se aprofundará as divisões. O desfecho dessa história pode definir não apenas o futuro da FIA, mas também o rumo do automobilismo internacional.