Trump e as tarifas comerciais: O dólar perde força? Impacto na economia global e o futuro da hegemonia americana

A política comercial agressiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem gerado incertezas no sistema financeiro global. Desde o anúncio de tarifas recíprocas contra parceiros comerciais, o dólar e os títulos do Tesouro americano (Treasuries) têm apresentado volatilidade, levantando questionamentos sobre a sustentabilidade da hegemonia da moeda norte-americana. Economistas alertam que essas medidas podem minar a confiança internacional nos EUA, mas destacam que a substituição do dólar como principal ativo global ainda é um processo distante.
A importância do dólar e dos treasuries na economia global
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Hegemonia histórica: Desde os Acordos de Bretton Woods (1944), o dólar se tornou a moeda de reserva internacional, sustentando transações comerciais e reservas de bancos centrais.
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Segurança dos treasuries: Os títulos do Tesouro americano são considerados os ativos mais seguros do mundo, atraindo investidores e governos que buscam estabilidade.
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Privilégios dos EUA: A posição privilegiada do dólar permite aos Estados Unidos financiar déficits, emitir dívida com juros baixos e influenciar o comércio global.
O impacto das tarifas de Trump na confiança internacional
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Queda do dólar e alta dos juros dos treasuries: Após o anúncio das tarifas em 2 de abril de 2025, o dólar desvalorizou-se, e os rendimentos dos Treasuries subiram, indicando maior risco percebido pelos investidores.
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Liquidação de títulos: Alguns detentores de Treasuries começaram a reduzir suas posições, refletindo preocupação com a instabilidade gerada pelas políticas comerciais de Trump.
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Críticas de economistas: Especialistas como Vinícius Rodrigues Vieira (FAAP) e José Kobori (JK Global Partners) argumentam que a postura confrontadora de Trump desgasta a confiança de aliados e incentiva a busca por alternativas ao dólar.
Alternativas ao dólar: Viabilidade e desafios
1.
Euro e Iene: São as moedas mais cotadas para substituir parcialmente o dólar, mas enfrentam limitações, como a falta de unificação fiscal na Zona do Euro.
2.
Yuan Chinês: A não conversibilidade e o controle estatal sobre o sistema financeiro da China impedem que o yuan se torne uma moeda de reserva global no curto prazo.
Dependência estrutural: Paulo Gala (Banco Master) destaca que a ausência de uma alternativa robusta mantém o dólar como ativo dominante, mesmo em cenários de desconfiança.
Uma hegemonia sob pressão, mas ainda intocável
Apesar das oscilações recentes, a posição do dólar como pilar do sistema financeiro global permanece sólida. A economia dos EUA, sua profundidade de mercado e a falta de concorrentes à altura garantem que nenhuma moeda substitua o dólar no médio prazo. No entanto, as políticas de Trump aceleram a discussão sobre a necessidade de diversificação, especialmente entre países emergentes. Enquanto a confiança não for restaurada, o mundo seguirá convivendo com um dólar forte, mas não incontestável.