Queda das Bolsas dos EUA: Crise no Fed, guerra comercial e impacto nos investidores – O que esperar?

As bolsas de valores dos Estados Unidos enfrentaram uma queda acentuada nesta segunda-feira, 21 de abril de 2025, refletindo a tensão entre o presidente Donald Trump e o Federal Reserve (Fed). A incerteza sobre a autonomia do banco central, somada aos desdobramentos da guerra comercial com a China, gerou volatilidade nos mercados, afetando os principais índices e setores da economia.
O conflito entre Trump e o Fed: Ameaça à independência monetária
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O presidente Donald Trump criticou publicamente Jerome Powell, chair do Fed, em uma postagem no Truth Social, exigindo cortes imediatos nas taxas de juros e sugerindo que poderia demiti-lo.
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Ameaças à independência do Fed preocupam investidores, pois bancos centrais autônomos são associados a maior estabilidade econômica, inflação controlada e crescimento sustentável, conforme destacado por Jed Ellerbroek, da Argent Capital Management.
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Interferência política no Fed é vista como um risco, pois pode minar a credibilidade das decisões monetárias e aumentar a incerteza no mercado.
Impacto nos índices e setores econômicos
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Queda generalizada: O S&P 500 caiu 2,36%, aproximando-se de um mercado de baixa (queda de 20% em relação ao recorde de fevereiro). O Nasdaq (tecnologia) recuou 2,55%, e o Dow Jones perdeu 2,48%.
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Setores mais afetados: Tecnologia e consumo discricionário lideraram as perdas, com destaque para empresas como Nvidia (-4,5%) e Tesla (-5,8%), esta última devido ao adiamento do lançamento do Model Y.
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Dólar enfraquecido: O índice DXY, que mede a força do dólar frente a outras moedas, atingiu o menor patamar desde 2022, sinalizando desconfiança na economia norte-americana.
Guerra comercial e incerteza global
1.
A China advertiu outros países contra acordos comerciais com os EUA que a prejudiquem, intensificando a disputa tarifária.
2.
Empresas estão em modo de espera, sem saber como reagir às políticas protecionistas, o que paralisa investimentos e planejamentos estratégicos.
3.
Segundo analistas, a guerra comercial é "autoinfligida", criada por decisões do governo Trump, o que amplia o pessimismo.
Temporada de lucros e expectativas
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A semana é marcada pelos resultados trimestrais de grandes empresas, incluindo Tesla, Alphabet e gigantes da indústria (Boeing, Lockheed Martin).
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Até o momento, 68% das 59 empresas que reportaram lucros superaram expectativas, mas o cenário macroeconômico negativo pode ofuscar bons desempenhos individuais.
A combinação de ataques políticos ao Fed, guerras comerciais e volatilidade nos mercados criou um ambiente de alto risco para investidores. A independência do banco central é um pilar da estabilidade econômica, e sua erosão pode ter consequências duradouras. Enquanto as tensões persistirem, as bolsas devem continuar sensíveis a declarações de Trump e aos rumos da política monetária. A semana decisiva de balanços corporativos pode trazer alívio pontual, mas a incerteza sistêmica ainda domina o cenário.