Por que os "microchips são o novo petróleo"? A corrida dos EUA e China pela supremacia tecnológica

A disputa entre Estados Unidos e China pela liderança na produção de microchips tornou-se um dos conflitos tecnológicos e econômicos mais estratégicos do século XXI. Esses componentes minúsculos, essenciais para dispositivos eletrônicos, veículos autônomos, inteligência artificial e equipamentos militares, são o cerne da soberania tecnológica. Enquanto os EUA buscam recuperar a hegemonia perdida para a Ásia, a China investe pesadamente para dominar a cadeia de suprimentos. Este resumo detalha os desafios, estratégias e impactos globais dessa batalha.
A ascensão asiática e o declínio dos EUA
Os microchips foram inventados nos EUA, mas décadas de terceirização permitiram que Taiwan, Coreia do Sul, Japão e China dominassem a produção. A Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) e a Samsung são as líderes mundiais, beneficiadas por subsídios governamentais e mão de obra especializada. Gina Raimondo, ex-secretária de Comércio dos EUA, admitiu que o país "deixou a peteca cair", perdendo espaço para a Ásia.
- Dependência global: 90% dos chips avançados vêm de Taiwan, tornando-o um ponto geopolítico crítico.
- Segurança nacional: Chips são vitais para armamentos e infraestrutura, aumentando a preocupação dos EUA com a dependência externa.
A estratégia americana: Subsídios e tarifas
Para recuperar o terreno, os EUA aprovaram a Lei Dos Chips (2022), injetando US$ 52 bilhões
em subsídios para fábricas domésticas. Empresas como TSMC e Samsung receberam bilhões para construir unidades no Arizona e Texas. No entanto, desafios persistem:
1.
Falta de mão de obra qualificada: A produção exige engenheiros especializados, escassos nos EUA.
2.
Atrasos e custos: Fábricas da TSMC no Arizona enfrentam problemas logísticos e resistência sindical.
3.
Tarifas de Trump: Ameaças de taxar chips importados em 100% buscam forçar a produção local, mas podem desestabilizar o mercado.
Dado crucial: A TSMC afirmou que seus chips mais avançados (3nm e abaixo) continuarão sendo feitos em Taiwan, mantendo a liderança asiática.
A China e a busca pela autossuficiência
A China, maior consumista global de chips, investe US$ 150 bilhões
até 2030 para reduzir a dependência de importações. Apesar de avanços em chips menos avançados (14nm), sanctions americanas limitam seu acesso a tecnologias de ponta.
Táticas chinesas:
- Espionagem industrial: Roubo de propriedade intelectual e recrutamento de talentos estrangeiros.
- Expansão global: Huawei e SMIC (fabricante local) buscam mercados na África, Oriente Médio e Sudeste Asiático.
- Inovação: Desenvolvimento de IA (como o chatbot Deepseek) e parcerias com Rússia para contornar sanções.
O papel de Taiwan e os riscos geopolíticos
Taiwan é o epicentro da produção, com a TSMC respondendo por 60% do mercado global. A ameaça de invasão chinesa coloca em risco as cadeias de suprimentos mundiais.
Cenário crítico:
- Se a China controlar Taiwan, dominaria a produção de chips, dando-lhe vantagem estratégica.
- EUA e aliados já planejam estoques emergenciais e diversificação para evitar colapso.
Outros atores emergentes: Índia e Europa
-
Índia: Oferece mão de obra barata e incentivos, mas enfrenta desafios como infraestrutura e escassez de água ultrapura.
-
Europa: Alemanha e França investem em fábricas locais, porém em escala menor que EUA e Ásia.
Uma batalha de longo prazo
A guerra pelos microchips é mais do que econômica — é uma disputa por poder tecnológico e militar. Enquanto os EUA tentam reindustrializar-se via protecionismo, a China aposta em autossuficiência e expansão global. Taiwan permanece como o elo frágil nessa cadeia.