Dólar cai globalmente, mas política brasileira pode impedir queda: O que esperar para o câmbio no Brasil

Nos últimos dias, o dólar tem enfrentado uma queda frente a diversas moedas globais. Essa movimentação está diretamente relacionada a incertezas econômicas e políticas internacionais, especialmente nos Estados Unidos. Porém, no Brasil, o cenário é mais complexo, e o movimento da moeda americana pode ser afetado por fatores internos, como a política brasileira.
Queda do dólar no cenário global
O dólar caiu cerca de 1,7% em relação a uma cesta de moedas fortes, conforme o índice DXY, que mede a força da divisa norte-americana. Com isso, o valor do dólar atingiu o seu nível mais baixo desde dezembro do ano passado. Esse movimento reflete, principalmente, os efeitos das tarifas impostas por Donald Trump aos principais parceiros comerciais dos Estados Unidos, o que aumentou as tensões no comércio global.
O que está por trás da queda do dólar?
A redução do valor do dólar pode ser entendida como uma reação dos mercados aos impactos das tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos, que aumentam os custos de importação para outros países. Isso gera incertezas e um ambiente de desconfiança, o que faz com que os investidores busquem alternativas mais seguras, prejudicando a moeda americana.
O cenário econômico no Brasil durante o Carnaval
Embora os mercados internacionais reagissem aos efeitos dessa política dos EUA, no Brasil, os mercados estavam fechados devido ao feriado prolongado de Carnaval. Ou seja, enquanto o mundo financeiro digeria as mudanças globais, o Brasil estava de fora dessa movimentação temporária. No entanto, isso não significa que o real não sofreria influências da queda global do dólar.
Como a política brasileira pode impactar o câmbio?
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No Brasil, a política interna pode ter um papel importante em frear a queda do dólar. Alexandre Espírito Santo, economista da ESPM, alerta que, embora o dólar seja afetado por fatores globais, questões internas também influenciam o câmbio. Ele menciona, como exemplo, a nomeação de Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais, o que gerou um clima de instabilidade política que pode afetar o mercado cambial.
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O economista destaca ainda o impacto de ações do governo, como o programa Pé-de-Meia e a mudança nas regras do saque-aniversário do FGTS. Para ele, essas medidas podem ser vistas como "gastadeiras", o que dificulta o trabalho do Banco Central em controlar a inflação, que continua sendo um grande desafio para a economia brasileira.
A relação entre tarifas dos EUA e a economia global
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Outro fator que afeta o cenário econômico global são as tarifas impostas pelos Estados Unidos. Com a imposição de 25% de tarifas sobre importações do México e do Canadá, além de taxas extras de 10% para produtos da China, os mercados reagiram negativamente. Nos Estados Unidos, as bolsas caíram significativamente: o Dow Jones perdeu 1,55%, o S&P 500 caiu 1,22%, e as bolsas europeias seguiram essa tendência.
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Celson Plácido, CEO da AMW – Asset Management by Warren, destacou que a escalada das guerras comerciais entre os EUA e seus principais parceiros tende a pressionar ainda mais os mercados financeiros. Ele prevê que as tarifas elevadas afetem os lucros das empresas e o poder de compra da população, além de aumentarem a despesa financeira dos governos, o que pode gerar um impacto negativo na economia global.
O impacto potencial no Brasil
Embora o dólar esteja caindo globalmente, no Brasil, esse movimento pode ser limitado por questões políticas internas. As medidas do governo e a instabilidade política podem atuar como fatores de contenção para a moeda brasileira, impedindo que o real se beneficie da queda do dólar no cenário internacional.
O que esperar para o câmbio no Brasil?
A queda do dólar no cenário global reflete um conjunto de fatores, como a guerra comercial dos EUA e a busca dos investidores por segurança. No entanto, o impacto no Brasil será atenuado por questões internas, como a instabilidade política e as decisões econômicas do governo. Portanto, é importante acompanhar de perto tanto os movimentos internacionais quanto os desafios internos, já que esses fatores podem definir o comportamento futuro do câmbio brasileiro.